quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Besouro Cordão de Ouro


Conheci a historia do BESOURO, em 1968, através da Elis Regina no festival de música da TV Record. A música “Lapinha” de Baden Powell e Paulo César Pinheiro foi a grande vencedora do festival. Elis Regina antes de cantar explicou: eu vou cantar a história de Besouro cordão de ouro. Besouro cordão de ouro foi na capoeira, o que Lampião foi no cangaço. Besouro era um valente. Besouro que sozinho lutou contra todo um regimento de cavalaria e saiu ganhando. Besouro home de corpo fechado que morreu traído por uma mulher. Seu último pedido: Morrer onde sempre viveu. Na Bahia. No bairro da lapinha.
Encontrei a história de Besouro também em um dos capítulos do livro Mar Morto, de Jorge Amado.
Em "Mar Morto" (1936), de Jorge Amado, Besouro é descrito como "o mais valente dos negros do cais".
"A estrela de Besouro pisca no céu. É clara e grande. As mulheres dizem que ele está espiando os malfeitos dos homens (barões, condes, viscondes, marqueses) de Santo Amaro. Está vendo todas as injustiças que os marítimos sofrem. Um dia voltará para se vingar", escreve Jorge Amado.

Agora fui agraciado com um convite do cine planeta para ver o filme: “Besouro da capoeira, nasce um herói” com direção de João Daniel Tikhomiroff.
Adaptação do livro “Feijoada no Paraíso”, de Marco Carvalho, Besouro é retratado como o maior capoeirista de todos os tempos. Um menino que, ao se identificar com o inseto que desafia as leis da Física, desafia ele mesmo as leis cruéis do preconceito e da opressão. Um mito, um super-herói. Besouro é um filme de aventura, paixão, misticismo e coragem sobre este personagem real que se tornou lenda. É um espetáculo de aventura, onde a paixão, o misticismo e a emoção têm papel central.
A Maravilhosa fotografia do filme feita por Enrique Chediak me chamou atenção já nos trailer. E alem de todos os efeitos especiais foi o que mais me chamou atenção. Valeu! Mais um filme da nova safra do cinema nacional que deve ser visto.

sábado, 31 de outubro de 2009

LIVROS QUE FAZEM CHORAR

Há livros que fazem rir...há livros que fazem chorar. Rubem Alves traduz com excelência a beleza do universo da leitura:Livro que faz chorar. Um texto não interpretado permanece vivo para sempre. Uma livreira me contou. Um pai foi à sua livraria e comprou o livro O patinho que não aprendeu a voar, para seu filho. No dia seguinte, voltou muito bravo. "Meu filho chorou ao final do livro. Ainda chora quando se lembra do patinho que não aprendeu a voar. Isso é livro que se dê a uma criança?"Eu compreendo. Ele quer que seu filho só tenha alegrias. Ele quer que os livros que seu filho lê sejam engraçados e façam rir. As crianças não deveriam ler livros que fazem chorar.Mas tristeza não é coisa ruim. A poesia brota da tristeza. Alberto Caeiro escreveu: "Mas eu fico triste como um pôr de sol/Para a nossa imaginação/Quando esfria no fundo da planície/E se sente a noite entrada/Como uma borboleta pela janela/Mas minha tristeza é sossego/Porque é natural e justa/E é o que deve estar na alma..." Escrevi muitas estórias alegres e que fazem rir. Mas as que mais amo são aquelas que fazem chorar.Por que é que o menininho chorou ao ler a estória do patinho que não aprendeu a voar? Porque sentiu aquilo que minha neta sentiu. Ela falou, em meio às lágrimas: "Vovô, eu não consigo ver uma pessoa sofrendo sem sofrer. Quando vejo uma pessoa sofrendo o meu coração fica junto ao coração dela..." Ela e o menininho sentiram compaixão. Seus corações ficaram junto ao coração de alguém ou de algum bichinho que estava sofrendo. Sofreram um sofrimento que não era seu.Como ensinar a compaixão? De que vale conhecimento sem compaixão? Somente o conhecimento com compaixão cria a bondade. E uma sociedade em que não existe a bondade não é digna de que vivamos nela. Como a nossa, em que a bondade foi espremida nos cantos e as ruas se encheram de medo.Gandhi relata que a experiência que mudou o seu coração foi a leitura de um livro. Ele era ainda adolescente. O livro o comoveu tanto que ele queria ser como o herói, nobre e generoso. Esse sentimento o acompanhou pelo resto da vida. Seu coração ficou junto ao coração do herói. E não importava que o herói nunca tivesse existido, que fosse apenas uma ficção literária. Pois é isso que a literatura faz: se desprega da vida real para dar-lhe um sentido.Livros engraçados são bons. O riso tem a função de mostrar que o rei está nu. Mas não conheço nenhum caso de uma pessoa que tenha sido transformada por um livro engraçado. O riso provoca crítica, mas não provoca compaixão.Pensei então que essa poderia ser uma das maneiras de ensinar compaixão: lendo para o aluno ouvir. Mas para que as estórias façam os seus milagres é preciso que o ouvinte seja possuído pelas palavras e levado ao sabor da voz de quem lê a estória.Fiquei então pensando que seria melhor que gastássemos menos tempo com gramática e análise sintática, e mais tempo com a leitura. É na leitura que se aprende a língua. Leitura sem testes de compreensão, sem interpretações, o que é que o autor queria dizer etc. Pura emoção. Um texto não interpretado permanece vivo para sempre, porque permanece como um enigma que nos comove todas as vezes que o lemos. Mas um texto interpretado é um texto esgotado do seu mistério, esquartejado sobre a mesa de anatomia da linguagem.Gostaria de conversar com o pai do menino que chorou ao ler O patinho que não aprendeu a voar. O menino entendeu. Sentiu compaixão. Mas o pai não entendeu. Não chorou. Ou, quem sabe, ele ficou bravo não pelo choro do seu filho mas por ter, ele mesmo, sentido vontade de chorar - mas não chorou de vergonha...
Este texto foi extraido do blog do Gabriel Chalita
http://www.bloggabrielchalita.blog.../
Fonte: Revista Educação

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Hasta Siempre Mercedes Sosa


A primeira vez que ouvi falar em Mercedes Sosa foi em 1976 na Argentina, especificamente em Rosário, na casa de um amigo. A turma de amigos cantava as suas músicas enquanto tomávamos um bom vinho. Lembro-me muito bem de uma canção que ficou marcada em minha memória. “Canción con todos” Canção com todos. Falava da integração de toda América Latina. E foi aí que eu me apaixonei. Comecei a gostar de tudo que Mercedes Sosa representava. Através dela conheci o trabalho de Violeta Parra, Victor Jara, Daniel Viglietti, Quilapaium. Aprofundei-me no conhecimento da literatura argentina e chilena. Julio Cortazar e Pablo Neruda passaram a habitar o meu cotidiano. Mario Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marques, Mario Beneditti, vieram depois me dando a certeza que eu era apenas um rapaz latino americano, como diria Belchior. Em 1980 tínhamos uma revista de cultura chamada Opção. E pela primeira vez Mercedes Sosa veio a Belo Horizonte para um show no Palácio das Artes. No dia seguinte ela me recebeu no Hotel e falamos de tudo um pouco. Esta entrevista não foi publicada porque a revista fechou no terceiro número e a matéria com a Mercedes estava prevista para o quarto numero. Nunca mais a publiquei. Quem sabe agora?
Em 2008 fui vê-la no Chevrolet Hall em Belo Horizonte. “Corazón libre” Emocionei-me muito com a sua garra. Foi tudo Lindo. Neste momento, só relembrando a famosa canção de Violeta Parra que ela imortalizou.

“Gracias a la vida”
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me dois olhos que, quando os abro
perfeitamente distingo o preto do branco
e no alto céu, o seu fundo estrelado
e nas multidões, o homem que eu amo.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,
grava, noite e dia, grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuviscos
e a voz tão terna do meu bem amado.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o som e o abecedário
e, com ele, as palavras com que penso e falo
mãe, amigo, irmão e luz iluminando
a rota da alma de quem estou amando.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me a marcha dos meus pés cansados
com eles andei por cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e planícies
pela tua casa, tua rua e teu pátio.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o coração que todo se agita
quando vejo o fruto do cérebro humano,
quando vejo o bem tão longe do mal,
quando vejo no fundo do teus olhos claros.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o riso e deu-me o pranto
assim eu distingo a felicidade da tristeza,
os dois materiais de que é feito o meu canto
e o canto de todos, que é o meu próprio canto.
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
lObrigado à Vida

La cigarra nunca morira. Vive y esta candente en nuestros corazones.

domingo, 2 de agosto de 2009

Chaplin para sempre, a ternura nunca morre.

Entre as manias virtuais que adquiri nestes últimos tempos, uma foi a participação em concursos culturais através da internet: Blog, Sites, Comunidades e outros. Normalmente eles dão um mote e pedem para você fazer uma frase e o vencedor leva um prêmio que pode ser um ingresso para um filme, uma camiseta, um brinde eletrônico, uma viajem para o exterior , um carro, um livro, um apartamento... e lá se vão coisas e propagandas.
O último prêmio que ganhei, me comunicaram hoje, foi um DVD com um documentário sobre Charles Chaplin. O mote desta vez era Chaplin para sempre. Era uma promoção do Blog Chaplin (http://charliechaplin.wordpress.com/). Um blog de alguém apaixonado por cinema e logicamente pelo Charles Chaplin.
Com um mote deste na cabeça, lá vou eu buscar na memória o que eu mais gostei de todos os filmes do Chaplin. E eu só lembrei-me daquele filme “O GAROTO”. A ternura que o filme passa do princípio ao fim do filme é impressionante. Eu acredito que daqui a duzentos anos quando um arqueólogo interplanetário descobri este filme, ele vai chorar, como eu estou chorando agora,vendo este trecho, de Smile que Michael Jackson tanto gostava. Vou dividir esta emoção com vocês. A minha frase foi simples assim: Chaplin para sempre, a ternura nunca morre.

terça-feira, 14 de julho de 2009

NO QUINTAL DA SOLIDÂO

Quero cantar canções de amor
Que façam brotar nas consciências A esperança.
Quero cantar canções de amor
Que façam brotar nas mãos Algo mais forte que a solidão.
Quero cantar canções de amor
Que façam brotar nos corações A alegria.
Quero cantar canções
Que façam brotar Amor no meu quintal.
II
Entre terra, água e árvores Eu crio a vida.
Nas águas Do rego, navego À procura do mar;
Na terra molhada de chuva, Construo caminhos
E passeio em busca dos sonhos.
Nos galhos das árvores,
Espero a natureza,
Brinco de circo
Fazendo piruetas no ar.
III
No quintal da solidão Eu cultivo ervas.
Quando alguém Me machuca,
Me nega um olhar,
Eu preparo as ervas,
Faço cataplasmas,
Bebo chás E fico no quintal
Esperando você

terça-feira, 16 de junho de 2009

“Qualquer Mulher tem um Diário Qualquer”


A poesia feminina de Malluh Praxedes, sempre marcada em seus livros, novamente invade a nossa retina com o seu último livro “Qualquer Mulher tem um Diário Qualquer” Um delicioso diário tecido, com poemas de amor e dor comum a todas as mulheres, que provavelmente se identificam por entre as páginas deste bordado.
Entres os fios dos poemas cotidianos, Malluh vai nos enlaçando e fazendo a gente descobrir um pouco desta alma deliciosamente feminina.
Tenho o prazer de acompanhar a carreira literária da Malluh desde o seu primeiro livro de poesia “Nascência” em 1980 até a sua incursão como letrista em parceria com Renato Motha. Vejo que a cada obra a profundidade do seu texto é maior. Neste seu diário que toda mulher tem, Malluh vai nos fazendo ver a profundidade dos seus poemas. Não deixem de ler.

Malluh fala assim do seu trabalho: “Usei o diário para montar um romance, e, confesso, quase consegui. Escrevê-lo foi um prazer diferente. Faltou apenas colocar um ponto final nos trechos de diários de tantas mulheres. Acabei prestando uma homenagem a várias que admiro e foi uma sensação única. Em diversas situações cheguei a ficar comovida. E depois de tudo pronto, tive a idéia de convidar as 'Bordadeiras da Vila Mariquinhas’ para ilustrar a capa. Novamente foi outra emoção.”As “Bordadeiras da Vila Mariquinhas” fizeram ao todo 70 bordados, que foram aplicados na capa dos livros da edição especial, de capa dura: os bordados são únicos, de cores e estampas diferentes mostrando situações diversas. Para a edição comercial Malluh Praxedes convidou dois parceiros de seus livros: Fernando Fiuza para a criação da capa e Otávio Bretas para o projeto gráfico. A parceria da escritora com Fiuza já somam 15 anos e com Bretas 10 anos.

LIVROS DA AUTORA:
Nascência 1980
Nua Manhã de uma Mulher 1983
No Verão desta Primavera 1985
Setilha 1988
A Menstruação da Ascensorista 1993
Chico Mineiro - 10 Anos de Casos & Comidas 1994
Viu, Querida? 1995
Posso Interromper o Beijo? 1998
Se Assim Sou / Sí Así Soy 2000
Mulheres na Linha / Women On Line 2000
Suspiração 2003
Beijos de Acender o Dia 2005
Qualquer Mulher tem um Diário Qualquer 2008

sábado, 13 de junho de 2009

OKURIBITO


Daigo Kobayashi é um jovem que acabou de perder o emprego na orquestra na qual tocava violoncelo. De repente, vagando pelas ruas sem emprego ou mesmo esperanças em relação à carreira, Daigo decide voltar para sua cidade natal na companhia da esposa. Lá, o único trabalho imediato que lhe aparece é como "nokanshi", um agente funerário especial responsável pela cerimônia de lavagem e vestimenta dos mortos antes que suas almas caminhem para o outro mundo. Trabalho este que, Daigo executa com seriedade, com ética. Um ritual de respeito e beleza. Ocorre que seu trabalho é simplesmente desprezado pela esposa e por todos ao seu redor. Mas é através da morte que ele finalmente compreende o sentido da vida.
Um dos filmes mais bonito sobre o tema da morte que eu já assisti tudo é perfeito. A fotografia, a trilha sonora de Joe Hisaishi, tudo!
Quando a gente sai do cinema tem vontade de andar seguindo uma estrada sem volta, ouvindo a trilha sonora, e caminhando lentamente, talvez para o paraíso. Com a certeza de ter visto um dos melhores filmes da sua vida.
Título no Brasil: A partida
Título Original: Okuribito
País de Origem: Japão
Gênero: Drama
Direção: Yôjirô Takita
ElencoMasahiro Motoki ... Daigo Kobayashi
Tsutomu Yamazaki ... Ikuei Sasaki
Ryoko Hirosue ... Mika Kobayashi
Kazuko Yoshiyuki ... Tsuyako Yamashita
Kimiko Yo ... Yuriko Kamimura
Takashi Sasano ... Shokichi Hirata

domingo, 26 de abril de 2009

Mãe


Mãe,
Para você
Que no gozo do amor,
semeou-me.
No ventre quente,
alimentou-me.
No contato comigo,
me amou.
E me vendo crescer
ensinou-me a viver,
Obrigado!

domingo, 12 de abril de 2009

Para uma Mãe


MÃE,

“SIGO HOJE O MEU CAMINHO, TU TE LEMBRAS QUANDO COMECEI A ANDAR? OS TEUS OLHOS PARECIAM CORRER DUAS LÉGUAS NA MINHA FRENTE PARA AMPARAR A QUEDA, E OS TEUS BRAÇOS FORTES ME ABRAÇAVAM COM TANTO CARINHO, QUE QUERIA CAIR DE NOVO SÓ PARA SER NOVAMENTE ABRAÇADO.

HOJE OS MEUS CAMINHOS SÃO TÃO DIFERENTES MÃE!

TU TE LEMBRAS, QUANDO EU ME SEPAREI A PRIMEIRA VEZ DE TI?

EU IA PARA A ESCOLA, TU ME LEVASTE À PORTA, ARRUMASTE A GOLA DA MINHA BLUSA ( AINDA ME LEMBRO DO ELOGIO DA PROFESSORA PELA BRANCURA DA BLUSA) E SORRISTE OLHANDO-ME COM O CORAÇÃO, COM AS MÃOS FIRMES ME MOSTRASTE O CAMINHO. MÃE, EU NÃO SEI BEM SE TU TE LEMBRAS, MAS EU NÃO ESQUECI DE QUE QUANDO EU VOLTEI, TU ESTAVAS ASSENTADA SOB O ABACATEIRO E EU ME APROXIMEI DEVAGARINHO, ASSENTEI-ME E FICAMOS OLHANDO O SOL COBRIR O ABACATEIRO QUE DAVA SOMBRA AO CHÃO QUE NÓS PISÁVAMOS.

MÃE, EU ME LEMBRO DA NOSSA ÚLTIMA CONVERSA, SÓ NOSSA, OS TEUS OLHOS FALAVAM MAIS QUE A TUA BOCA, TUAS MÃOS TRÊMULAS AO AFAGAR O MEU ROSTO FALAVAM MAIS QUE TEUS OLHOS E EU NEM ME DEI CONTA QUANDO PARTISTES.

SÓ HOJE QUE SEI QUE MINHA FILHA VAI NASCER É QUE DESCOBRI QUE PARTISTES, SUA AUSÊNCIA ERA TÃO FORTE MÃE, QUE TORNAVA-SE PRESENÇA, E ATÉ HOJE EU NÃO A TINHA PERCEBIDO."

quinta-feira, 2 de abril de 2009

VIA SACRA DO PEQUENO PRÍNCIPE


Foi a ti que Javé, teu Deus escolheu só para Ele, como seu povo, entre todas as mações da terra. (Deuteronômio. VII 6 )
Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
(St. Exupéry )


DIANTE DE PILATOS (1)
agente nunca sabe.

JESUS RECEBE A CRUZ (2)
O que vejo não é mais que uma casca. o mais importante é invisível.

PRIMEIRA QUEDA (3)
É bem mais longe... bem mais difícil.

ENCONTRO COM MARIA (4)
E o principezinho se foi pensando na flor.

CIRINEU É FORÇADO A AJUDAR (5)
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer.

A VERÔNICA (6)
É bom ter tido um amigo mesmo se a gente vai morrer.

SEGUNDA QUEDA (7)
Hesitou ainda um pouco; depois, ergueu-se.

CONSOLA AS MULHERES (8)
É tão misterioso o país das lágrimas.

TERCEIRA QUEDA (9)
Perdeu um pouco de coragem, mas fez ainda um esforço.

DESPOJADO DAS VESTES (10)
... eu parecerei morrer. É assim. Não venhas ver. Não vale a pena.

ELE É CRAVADO NA CRUZ (11)
Para que servem os espinhos?

E MORRE POR NÓS (12)
tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas.

A DESCIDA DA CRUZ (13)
Tombou devagarinho como uma árvore.

O SEPULTAMENTO
E eu a deixei sozinha.
E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola) Tu te sentirás contente por teres me conhecido.
...Vos conhecereis o amor de Cristo que supera todo o conhecimento e entrareis, pela vossa plenitude,
EM TODA PLENITUDE DE DEUS. (EF.III,1)



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O Menino do Pijama Listrado


As brincadeiras, com os amigos são interrompidas durante a Segunda Guerra Mundial, quando uma família alemã se muda de Berlim para Auschwitz, o pai, um oficial nazista, foi promovido e vai trabalhar em um campo de concentração. Bruno, de oito anos de idade, sem a companhia dos amigos fica muito entediado por não ter o que faze e com quem brincar e motivado pela curiosidade começa explorar o fundos do jardim da nova casa e encontra uma fazenda que ele via da janela do seu quarto. Lá ele encontra Shmuel, um menino da sua idade que vive na fazenda, do outro lada da cerca de arame farpado. Na verdade a fazenda era um campo de concentração. O encontro de Bruno com o menino do pijama listrado o leva da inocência a uma profunda reflexão sobre o mundo adulto. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças. Sai do cinema pensando no mito da MEDEIA, “conviver com a tragédia é pior que morrer envenenado”.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Pequeno Príncipe


Não me lembro bem quando travei conhecimento com o Pequeno Príncipe. Provavelmente na juventude, na infância tenho certeza que não foi. Talvez influenciado pelo grupo de jovem, que participava, pois foi através deste movimento que entravamos em contato com os grandes clássicos da literatura, da filosofia, da história e da teologia. Acho que foi assim que encontrei o pequeno príncipe, entre Gibran Kahlil Gibran, Krishnamur, Jean-Paul Sartre, e outros. Escrito em 1943, pelo escritor Frances Antoine de Saint-Exupéry, o pequeno príncipe é o terceiro livro mais lido no mundo depois da Bíblia e do Alcorão. É talvez o único verdadeiro exemplo de uma fábula para adulto, ou melhor, para o menino que todos os adultos foram um dia. A estória é belíssima e tentar resumi-la ou explicá-la é desvalorizá-la. Então este é um convite para ler, pra quem ainda não leu e um convite para ler novamente para quem já leu... Eu já li várias vezes e a cada vez digo o mesmo, “magnífico”. Já li em Frances, em italiano, em espanhol, só não li na versão original em Inglês, (Antoine de Saint-Exupéry escreveu o livro em New York e acompanhou pessoalmente a sua tradução na língua inglesa...). Como um bom colecionador que sou, tenho alguns exemplares do livro em Frances, italiano, espanhol e brasileiro. O livro foi traduzido para 180 idiomas e dialetos. (Se você que estiver me lendo agora e quiser me enviar um exemplar editado em um idioma diferente eu ficarei feliz). O pequeno príncipe já foi editado em várias mídias, como cinema, disco, teatro etc.; e agora acabo de receber um exemplar em quadrinhos, um belo trabalho de Joann Sfar. Não é uma versão fiel do clássico, mas uma nova obra. Como eu gosto de clássicos em quadrinhos adorei. Leiam...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ENTRE DEZ E ONZE HORAS



Ele acordava entre as dez e onze hora da manhã, depois que já tínhamos saído de casa. Ficava vagando pela casa, mudava a disposição dos quadros, ligava a televisão no; último volume, mas não assistia nada - não valia à pena, dizia - revirava as gavetas, rabiscava os papeis e escondia os vestidos de minha mulher, bebia da minha cachaça, arrancava as flores do jardim e as atiravam n água. Remexia em tudo, alterava a nossa vida. Quando chegávamos a casa ele me fazia ficar calado e a responder baixinho as perguntas de minha mulher. Quando estava sozinho ele me fazia sorrir. Algumas vezes ele me ajudava a regar os girassóis e conversava baixinho comigo, para não assustar as flores. Mostrava-me a delicadeza de cada pétala de flor e me fazia ver a metamorfose das borboletas, dizendo que também sabia voar. Um dia quando arávamos a terra para semear girassóis ele me falou de política, me contou da reforma agrária e da repressão ao povo. Ele maltratava mais a minha mulher, a fazia ter muito sono e sempre queixar-se de alguma coisa ao despertar, a fazia acreditar que eu não a amava, e só me deixava convencê-la do contrario quando; íamos para a cama e ficávamos fazendo amor até o sono chegar. Outro dia, quando olhávamos a germinação dos girassóis ele me disse que estava perto do dia de partir, ficamos ali calados - não sei quanto tempo - olhando os girassóis crescerem. Quando resolvi lhe perguntar quem era ele, e de onde ele tinha vindo ele desapareceu, como se fosse uma borboleta subindo ao céu. Até hoje -depois de muito tempo- eu e minha mulher não sabemos quem alterava a nossa vida e colocava o nosso relógio para despertar entre dez e onze horas da manhã.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Vendo Crescer as Flores

“AFAGAR A TERRA
CONHECER OS DESEJOS
DA TERRA, A PROPÍCIA
ESTAÇÃO E FECUNDAR
O CHÃO"
(CHICO BUARQUE)


A manhã parecia compartilhar da sua alegria, havia algo de "manhã de carnaval" pairando no ar e ele estava ali esparramado pelo chão vendo crescer as flores que cresciam em direção ao sol - girassóis -. O vinho escorria pela torneira aberta, como se fosse água, o sol filtrava seus pensamentos que vacilavam entre terra e céu. Lá fora a vida continuava, os pedestres corriam dos carros, os fracos corriam dos fortes, os operários largavam as máquinas ao som da sirene e pegavam as marmitas, os ônibus estavam cheios e os pingentes não tinham tempo de saber que era primavera e ele estava lá, esparramado pelo chão, vendo crescer as flores. Quando sua mulher chegou e o viu esparramado pelo chão, sujo de terra, fruto da terra, acariciou-lhe o rosto, contou-lhe do filho que viria, da esperança na vida e do amor que havia em seu coração. Ficaram ali, se amando, os corpos seminus rolando pela terra, o suor dos corpos regando as flores e os movimentos suaves das mãos sobre os corpos arrancavam as ervas daninhas do jardim, o vai e vem das pernas cavavam buracos e os tapavam simultaneamente. Os corpos davam sombras às sementes e deixavam filtrar um raio de sol entre um e outro "ai", o murmúrio dito ao pé do ouvido - meu amor, eu te amo, eu te quero, me abraça -, eram conversas com as flores que tremiam de alegria ou do sopro do vento. A boca que se abria para um grito era sufocada pôr um beijo demorado e suave, o sol queimava as costas que faziam um rodízio durante o embalo do amor. Os girassóis os cobriram durante o gozo e eles ficaram ali, esparramados, relaxados, vendo crescer o filho.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

PALESTINA

Terra prometida

O Senhor disse-lhe: "Vi a aflição do meu povo. Por isso desci para o libertar e o conduzir a uma terra onde corre o leite e o mel."

Nestes tempos em que falar de árvores é quase um crime, segue a letra e o video de uma música da Carla, que relata a situação de hoje na Palestina.

"Mulheres que choram por corpos mutilados
Que vivem sangrando manchando o chão
Por crianças que morrem definhando
Pela rosa bela que murchou na roseira
Palestina Palestina
Palestina em ruínas
Homens se matando fugindo uns dos outros
As nuvens de fumaça cobrindo o céu anil
O sorriso das crianças se tornam lamentos
Escondendo no tempo
Palestina Palestina
Palestina em ruínas...
A bala corta o vento procurando o alvo
As nuvens de fumaça cobrindo o céu anil
O sorriso das crianças se tornam lamentos
Escondendo no tempo
Palestina Palestina
Palestina em ruínas"

domingo, 18 de janeiro de 2009

Segunda sessão de cinema


Eu sou chato! Tenho certeza disto. Ultimamente tenho estado irritado ao ir ao cinema, pois o público presente parece que está na sala da casa dele assistindo TV. Não tem nenhum respeito pelo seu vizinho, o cheiro da manteiga da pipoca invade o meu nariz e me incomoda muito. O entra e sai do cinema para atender celular, os comentários em voz alta, meu Deus! Quanta coisa me irrita quando vou ao cinema. Ontem quando fomos ver SETE VIDAS, direção: Gabriele Muccino, tinha um grupo de jovens (mais ou menos quinze pessoas), armados de refrigerantes, pipocas, chicletes e tudo que eles têm direito, a sessão estava cheia e eles fizeram a maior confusão para arranjar lugares próximos uns dos outros. Pensei: Vou ter problemas para ver este filme, minha filha do meu lado diz: - já sei que aquela de blusa vermelha vai fazer mais confusão. A luz apaga, a sala não se cala, o urubu já não sai mais voando... o trailer é conturbado, mas quando o filme começa e surge na tela Will Smith, o silêncio é total. O filme conseguiu prender a atenção de todo mundo. A crítica pode falar o que quiser, eu adorei o filme, e esta turma que citei no início também gostou, pois não ouvi um só resmungo. Valeu o filme pela interpretação do Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson, Michael Ealy, Barry Pepper, Robinne Lee. A fotografia também é linda, a trilha sonora é ótima tem até Insensatez de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, cantada pela Diana Krall. Gostei.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009


CINEMA 2009
Primeiro filme do ano: “A troca”
A mãe sai para trabalhar, e quando volta o seu filho de 9 anos não esta em casa. A incansável busca pelo filho é o drama dirigido por Clint Eastwood. Angelina Jolie, até agora a minha indicação para o Oscar de melhor atriz, faz a mãe desesperada que trava uma batalha enorme com a violenta e corrupta policia de Los Angeles de 1928, que para melhorar a sua imagem; impõe-lhe um filho, no lugar do seu. O que mais me impressionou neste filme, foi a atuação do Reverendo Briegleb (John Malkovic). O pastor em seus sermões na igreja e no rádio ataca a administração policial da cidade em busca da justiça. Foi a única ajuda que a mãe recebeu. O pastor como homem de Deus lutou pela justiça. Eu gostaria muito de ver nos nossos lideres religiosos uma atitude assim de luta pela justiça aqui na terra, agora já, e não estas pregações de paz pós morte. Gostaria de ver todos os nossos lideres religiosos usando os sermões para a luta em prol da justiça, da liberdade. Vejam o filme vale a pena!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

No tempo dos quintais

Carla fez um comentário que gostaria de dividir com vocês:

Fiquei muito emocionada e feliz, por identificar aqui um pouco da minha história. Me lembrei de uma composição do Sivuca e do Paulinho Tapajós que gosto muito de cantar acompanhada pelo papai e seu choroso badolim.


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lembranças na parede


(Para Carla e todos os outros amados sobrinhos)

Na parede da sala havia aquele retrato em preto e branco, com moldura de gesso pintado de uma cor marrom, na foto: Papai e Mamãe jovens.
Os retratos antigos guardam lembranças, que nos salta aos olhos ao admirá-los. Tempo, tempo, tempo...
Minha filha fica triste ao ver o resultado das enchentes e desmoronamentos, quando as pessoas perdem tudo que tem, a “àgua leva tudo”. Leva as lembranças, a história, o passado.
Dá para refletir muito, quando alguém diz que deveriam dar férias coletivas aos varredores de rua na primavera, pois é triste ver pessoas varrem as flores do ipê amarelo que cobrem as nossas ruas na primavera.
Na casa da Inês tem um pé de Ipê amarelo.
No quintal da minha infância tinha um abacateiro que dava sombra ao nosso chão, além de abacates, é claro.
Na casa da Dona Melinha tinha um pé de marmelo, além do fruto, tinha também a vara.
Meu Deus! O mundo está precisando da vara de marmelo!
Finalmente recebi cópia da foto dos meus pais que ficava na parede da sala, e era emoldurada com gesso. Com a foto vieram as lembranças, as recordações, a saudade do tempo que eu tinha pais.
Minha mãe quando ia visitar as cunhadas, tia Ester, tia Divina, tia Célia, tia Filomena, ela sempre fazia um bolo, que levava para gente tomar café. O cheiro do bolo assando era prenúncio de passeio. Era bom passear de jardineira, melhor que de bonde.
Meu pai era surdo, mas era alfabetizado, então a gente escrevia bilhetes para comunicar com ele. Ele nos levava ao cinema para ver os filmes estrangeiros, por causa do letreiro. Minha mãe morreu sem aprender a ler, com ela a gente só via os filmes nacionais.
E tinha os cinemas de bairro, o São Cristovão, o Capitólio, São Carlos. E os dos centro da cidade: Brasil, Arte Palácio, Acaiaca, Metrópole, Guarani, Santa Tereza, Odeon... e tantos outros templos e templos da sétima arte e hoje “templos da salvação”.
Tenho saudades do tempo que eu não era órfão.