sexta-feira, 15 de maio de 2020

Para o Miguel


(“Parafraseando”, Alceu Valença e Fernando Pessoa.)
O Primeiro sinal que ele viria, foi em São Paulo.
A gente acabara de ver o Música de Brinquedo
Ainda estávamos sobe a emoção do som da Fernandinha e Patufú.
E eu já o queria brincando no meu quintal...
Mas de repente o seu cavalo alado pastou para longe...
 E logo ouvimos a voz do anjo dizendo: não duvide!
E foi como uma manhã de domingo, que novamente ouvimos o teu sinal.
E ele chegou...
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
José Marcos Ramos


Um mergulho feminino no Pequeno Príncipe




A Pequena Princesa é um mergulho feminino no universo do Pequeno Príncipe feito por Carlos Gomes.
Sou aficionado pelo Pequeno Príncipe, (todo mundo que me conhece sabe disso). Coleciono edições do livro em idiomas e dialetos nos quais ele já foi traduzido. Todo e qualquer escrito sobre esta obra me interessa, citações e artigos literários.
Fui contemplado pelo autor com, A Pequena Princesa um  livro de apresentação bonita, com ricas ilustrações de Lhaiza Morena Castro.
O texto de Carlos Gomes flui suavemente a partir da dedicatória. Assim como no Pequeno Príncipe a leitura tem que ser pausada, digerida capítulo por capítulo, para que entendamos a proposta de mergulho do autor. Ele mergulha fundo, nos trazendo à tona toda beleza do Pequeno Príncipe na sua visão feminina de cada citação, cada fragmento, da obra de Saint-Exupery.
Boa Leitura.
José Marcos Ramos

O Menino das cem palavras


A autora Marina Ferraz, brinca com as palavras com uma sonoridade de quem vive cantando. Cantora e compositora do Trio Amaranto, Marina faz do menino das cem palavras um hino de amor ao verbo, ao substantivo, ao adjetivo, ao pronome, ao artigo e ao numeral. Não esquecendo a preposição, conjunção, interjeição e advérbio. Tudo fica encantado neste segundo texto da Marina, nos fazendo voltar à nossa infância. Primeiro a palavra “dita” depois o encantamento da alfabetização. Um texto com muito mais de cem palavras, cem sentimentos que rolam em cada parágrafo da história de Adendo. Um livro para crianças e adultos se divertirem... História para os avós contarem aos netos... História para nós, adultos, lermos de uma sentada só, e sorrir e chorar. Adendo: O livro já nasceu com uma adaptação para o teatro. Flávia, Lúcia e Marina brilham em cena, acompanhadas do Thiago Corrêa e Dani Braga. Outro Adendo: O livro vem acompanhado de um CD com as músicas e o texto da adaptação para o teatro. José Marcos Ramos * 

*José Marcos é fã incondicional do Trio Amaranto.

Quarentena


Meus fantasmas estão em quarentena comigo. Às vezes eles conversam comigo nas línguas que domino. Fazem-me relembrar erros e acertos. Já não me assusto, os coloco no varal e deixo-os ao vento que brota da fresta da janela.
Assim caminho nesta quarentena, limpando os livros da estante, relendo trechos dos livros antigos, descobrindo livros que não li.
Entre romances e poesias releio a vida dos santos, meu Deus! Como é sofrido ser santo!
Vou atrás da mitologia grega, é mais interessante, heroico. Fujo das tragédias, fico apenas com o lírico, o canto da sereia.
De repente surge em minhas mãos o Dom Casmurro e eu já nem sei mais se Capitu traiu o Bentinho ou se foi só uma divagação do Alienista lendo Memórias póstuma de Brás Cubas e Capitu era a Helena.
E nestes Cem anos de Solidão (é o que parece esta quarentena) com Crônica de uma morte anunciada só fica o amor nos tempos de cólera. E Viva! Gabriel Garcia Marquez.
E Já dizia João Cabral de Melo Neto: Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalhar nestas profissões que fazem da morte ofício ou bazar.
O resto fica em casa! Para evitar a Morte Severina.

José Marcos Ramos