sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Melhores do ano de 2008





CINEMA





Entre Meu Nome Não É Johnny do diretor Mauro Lima, com Selton Mello, Júlia Lemmertz, Cássia Kiss, André di Biasi, Cleo Pires e Eva Todor.
Tropa de elite direção de José Padilha com Wagner Moura, André Ramiro,Caio Jun queira, Maria Ribeiro,Fernanda Machado.
Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles com Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Don McKellar, Maury Chaykin, Martha Burns.
Eu vou ficar como o último, Ensaio sobre a cegueira é um filme pesado que faz a gente refletir sobre como a humanidade fica quando perde a referência. Tudo está bom neste filme, a trilha sonora, a fotografia.
O cinema nacional foi dez, gostei de tudo que eu vi. Fico com um belo destaque para Murilo Rosa (Orquestra dos meninos, dirigido por Paulo Thiago, com Murilo Rosa, Priscila Fantim e Othon Bastos no elenco.) que conheci na pré estréia. Valeu!

Espetáculos





Mercedes Sosa em “Corazón libre” no Chevrolet Hall, Maravilhosa. Alegria sem limite de poder rever esta grande diva argentina.
L’oratorio d'aurelia, Aurélia Thiérrée, neta de Charlie Chaplin, no Palácio das Artes, um espetáculo inesquecível.
E o melhor de todos: Ney Matogrosso com o seu: "Inclassificáveis" A direção musical a cargo de Emílio Carrera, ex- Secos e Molhados, e o cenário é de Milton Cunha. O show reuniu canções de jovens compositores e canções de nomes consagrados da MPB --Dan Nakanawa, Pedro Luís, Fred Martins e Arnaldo Antunes, além de Caetano Veloso, Edu Lobo e Itamar Assumpção --além do brilho de Ney, que aparece tanto nas interpretações como no figurino colorido e extravagante criado pelo estilista Ocimar Versolato.
No repertório, as canções "O Tempo não Pára" (Cazuza), "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso), "Um Pouco de Calor" (Dan Nakanawa), "Ouça-me" (Itamar Assunção) e "Inclassificáveis" (Arnaldo Antunes), faixas do último CD, que aparecem com uma roupagem sofisticada e ao mesmo tempo pop. Um espetáculo perfeito inclassificável.





Música

Entre tantas coisas boas que eu ouvi, fica um destaque especial para Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu, que lançou seu primeiro disco solo, Onde Brilham os Olhos Seus, no qual canta apenas músicas do repertório da cantora Nara Leão. Coisa mais lindinha a Fernandinha cantando a versão em japonês de “O barquinho”, “Kobune”,

Livro





Teatro




A Noviça Rebelde, a versão brasileira, com direção de Charles Möeller, é protagonizada por Herson Capri como Capitão Georg Von Trapp e Kiara Sasso como Maria Reiner. Inspirada no musical da Broadway de 1959, a montagem é baseada no livro autobiográfico de Maria Rainer, que conta a história da família von Trapp.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA


Ontem à noite saímos para ir ao cinema com intenção de assistirmos o musical Mamma Mia! Um musical adaptado do livro da dramaturga britânica Catherine Johnson, baseado nas canções do grupo pop sueco ABBA, compostas por Benny Andersson e Björn Ulvaeus. O enredo é adaptado do filme Buona Sera, Mrs. Campbell, de 1968, estrelado por Gina Lollobrigida. Nós gostamos de musicais. Mas Inês errou de sala de exibição e acabamos vendo Ensaio sobre a cegueira, Dirigido por Fernando Meirelles, com: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Don McKellar, Mitchell Nye, Gael García Bernal, Susan Coyne, Sandra Oh, Maury Chaykin, Mpho Koaho.
Mamma Mia! Que filme, Que soco na boca do estômago! Um filme histórico que ficará na minha memória por muito tempo. Um filme deprimente, romântico, lindo, sensível, sei lá mais o quê. Um filme que contradiz aquele velho ditado: “Em terra de cego quem tem olho é rei”, pois a única personagem não contaminada pela cegueira na história é um exemplo de dedicação extrema, o que nos permite pensar que o ser humano ainda tem salvação.
O que mais me entristece é que nenhum dos meus amigos me indicou este filme, um filme tão bom que eu vou assistir de novo, e já comecei a ler o livro.
Como não sou, nem quero ser, crítico literário e sou apenas um devorador de livros acho que Arthur Nestrovski, na orelha do livro sintetizou muito bem tudo que eu queria dizer, a respeito do Filme e do Livro.
“Um dia normal na cidade. Os carros parados numa esquina esperam o sinal mudar. A luz verde acende-se, mas um dos carros não se move. Em meio às buzinas enfurecidas e à gente que bate nos vidros, percebe-se o movimento da boca do motorista, formando duas palavras: Estou cego.
Assim começa esse romance de José Saramago. A “treva branca” que acomete esse primeiro cego vai se espalhar incontrolavelmente pela cidade e, em breve, uma multidão de cegos precisará aprender a viver de novo, em quarentena. “Só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são.” E, de fato, o que se verá é uma redução da humanidade às necessidades e afetos mais básicos, um progressivo obscurecimento e correspondente iluminação das qualidades e dos terrores do homem. (E das mulheres também, de maneira especial.)
Impressionante, comovedor, este romance é um marco na literatura em língua portuguesa. Ë uma visão das trevas, uma viagem ao inferno, e a história de uma resistência possível à violência de tempos escuros. “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”, diz uma personagem. Com característico controle, José Saramago
— e seu alter ego furtivo, no romance
— luta aqui para combater a inadequação, ou insuficiência das palavras para resgatar o afeto perdido.
Às vésperas do fim do milênio, num período onde imperam, de um lado, a velocidade, a ganância e a abstinência moral e, de outro, a profecia e um misticismo compensatórios, o escritor vem nos lembrar a “responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. Ë um livro, então, sobre a ética, e é um livro também sobre o amor, e sobre a solidariedade. “Parece uma parábola”, comenta alguém no romance; mas sua força, como nas melhores parábolas, vem precisamente do realismo e da descrição, no limite do inominável.
Cada leitor viverá, aqui, uma experiência imaginativa única, no esforço de recuperar a lucidez. “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” A epígrafe resume a empreitada do escritor, como de cada leitor. Não se trata só de reparar no significado das coisas, mas também de proceder à reparação do que foi perdido, ou mutilado — “uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”. ”

terça-feira, 29 de julho de 2008

MACUNAÍMA



Não sei quando li pela primeira vez o livro de Mário de Andrade, o que sei é que me apaixonei, Eta! Livrinho complicado, meu DEUS! Li e reli várias vezes por prazer. Foram poucos os livros que eu li mais de uma vez. Tinha época que eu lia trechos em voz alta para minha filha, tentando fazê-la dormir. Depois veio o filme de Joaquim Pedro de Andrade em 1969. Grande Otelo personificou para mim o herói sem nenhum caráter. Não consigo pensar em Macunaíma sem lembra do Grande Otelo. Em 1975 o nosso herói virou samba enredo (David Corrêa e Norival Reis) da nossa querida Portela, que maravilhosamente mostrou na avenida toda a irreverência do nosso herói, ficando classificada em quinto lugar, mas deixando todo mundo cantando o seu samba enredo. Depois a nossa Saudosa Clara Nunes imortalizou-o em uma versão incrível. Em 1978, Antunes Filho monta a peça Macunaíma, com a Companhia Paulista de Teatro (CPT). Lembro-me direitinho que quando a peça estreou aqui no Palácio das Artes, eu estava conversando com o saudoso Henry Corrêa de Araújo (leia-se Pivete), enquanto esperávamos o início do espetáculo, e comentávamos como seria a adaptação do Antunes para esta obra tão rica já que o Joaquim Pedro, no filme, fez da piscina do Copacabana Palace o caldeirão da feijoada do gigante e colocou como ingrediente a Dona Risoleta Neves, entre outras personalidades. A minha surpresa foi geral, Antunes numa linguagem nova nos apresentou um Macunaíma genuíno envolto em folhas de jornal. “Criando uma peça muito baseada no efeito de improvisação, em que as imagens vistas ganham tanta importância quanto o texto narrativo”.
Anos depois num destes natais, Inês me presenteou com uma edição de Macunaíma ricamente luxuosa da Editora Itatiaia, com capa e reproduções de óleos da artista amazonense Rita Loureiro.
Dizem-me agora que Macunaíma completa 80 anos, (foi lançado em 1928), sem festa, sem uma exposição grandiosa no museu da palavra, sem uma edição comemorativa... “aí que preguiça...”

sábado, 19 de julho de 2008

À NOITE NÃO HAVERÁ LUAR


Eles chegavam pela madrugada, depois que já tínhamos deitado e já estávamos dormindo, ficavam chorando pelo pátio, amavam-se por sobre os telhados e gritavam no momento do gozo, como se fossem crianças abandonadas, um grito fino, sustenido, que penetrava em nossa alma e perturbava o nosso sono burguês. não, não era um grito, era um lamento, um lamento profundo que nos fazia lembrar os lamentos dos negros nos cativeiros, dos presos nos porões dos prédios públicos. Os gritos que eram lamentos, nos pareciam urros e gritos de socorro, gritos de liberdade que iam de encontro a lua -eles vinham sempre em noites de luar- e refletiam em nós, censores, como gritos de revolta, subversão. Acendíamos as luzes, jogávamos pedras e eles fugiam para voltar assim que estivéssemos dormindo. À noite passada, eles voltaram com um canto novo. Canto? Grito? Canto-grito? Um grito que mostrou a nossa fraqueza, a nossa pobreza interna, a nossa mesquinhez, a nossa comodidade; e como este novo grito tirou o nosso sono e perturbou o nosso bem estar (tirou o nosso sono porque este novo grito era mais parecido com um lamento de quem está sendo oprimido, de quem esta com fome e com frio, era mais um pedido para que os acolhêssemos que um grito de revolta), abrimos a porta e os assustamos com pedras e sapatos, eles fugiram deixando o nosso sono burguês se transladar para a nossa cama colonial.
Conversamos com os nossos vizinhos pela manha e fizemos planos, planejamos estratégias, táticas e atacamos. à noite, quando eles vieram (dos lamentos que infernizavam as nossas noites estes eram os piores), não faltou nada, disseram que já estavam cansados de serem oprimidos e de terem que passar as noites fora de casa, de sentir frio, de não terem uma boa alimentação, falaram de revolta, rebelião. Esta noite lhes abrimos a porta, a lua estava em um dos seus melhores dias, clareava o nosso jardim. eles eram muitos, alguns passeavam pelo pátio, outros estavam deitados com as suas companheiras, outros andavam pelo telhado olhando a lua, outros apenas olhavam uma estrela cadente. Executamos o nosso plano, lhes servimos um jantar de iguarias recheadas com arsênico, sugestão de um velho vizinho, lhes prometemos liberdades democráticas e voltamos para o nosso sono burguês. Pela manhã, quando acordamos, pudemos contar uns trinta gatos mortos, espalhados pelo telhado e pelo chão. À noite certamente não haverá luar.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

OS TRIGÊMEOS


Se eu me lembro bem, fui alfabetizado com aquele pré-livro dos Três Porquinhos de Lucia Casasanta: (Palito, Palhaço e Pedrito). Depois no catecismo veio a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), os três reis magos (Baltazar, Belchior, e Gaspar), os três pastorinhos (Lúcia, Francisco e Jacinta). Mais tarde, os três sobrinhos do Pato Donald (Huguinho, Zezinho e Luizinho), os Três Mosqueteiros (Athos, Porthos e Aramis). As três Marias, a regra de três, os três apitos, os três poderes, os três Tenores (Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti). E de repente para completar esta trilogia que sempre alegrou a minha vida, surgem os trigêmeos: Cássio, Guilherme e o André, três netos que adotei de uma vez só. Três afetos que surgem de uma brincadeira, três carinhos, três oportunidade de me tornar mais gente, de fazer mais amigos e de ser um pouco mais feliz.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Casa Grande e Senzala


Meu irmão Raimundo (Mundinho) chegava em casa ao entardecer com o exemplar do jornal O GLOBO - era a melhor hora da tarde. Apesar de ainda não termos luz elétrica, tínhamos lamparinas à querosene, (que nos deixava uma marca meio cinza no nariz), para lermos à noite. Eu sempre corria para o caderno de cultura para ler os quadrinhos, me deliciava com o Brucutu, Fantasma,Tarzan e outros que a minha memória teima em esconder - foi assim que aprendi a gostar de quadrinhos, lendo as tirinhas do jornal.
Meu irmão também era leitor fervoroso da série Edição Maravilhosa lançada por Adolfo Aizen pela Editora Brasil América Ltda, onde encontrávamos clássicos da literatura nacional como O Tronco do Ipê, O Guarani, Iracema, de José de Alencar e clássicos internacionais como Frankestein de Mary W. Shelley, Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand, Beau Geste de P.C. Wren, O Pimpinela Escarlate de Baronesa de Orezy e tantos outros.
As leituras destes clássicos em quadrinhos me ajudaram muito a ler os livros originais na época de estudante. Apesar de ler tudo que passa pelas minhas mãos, nunca consegui transitar pelas setecentas páginas de Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre. Somente trechos desta grande obra fizeram parte da minha trajetória estudantil. Mas sempre permaneceu em mim este desejo louco de me enveredar pelas páginas deste clássico da nossa sociologia e somente hoje matei este desejo: acabei de ler Casa Grande e Senzala em quadrinhos, uma edição maravilhosa da Editora Global, uma adaptação de Estevão Pinto com ilustrações do ótimo Ivan Wash Rodrigues. Quem sabe agora crio coragem para ler o orginal...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

L’ORATORIO D'AURELIA

Em o Guardador de rebanho, Fernando Pessoa, ou Alberto Caeiro; escreveu qualquer coisa assim, (e que Maria Betânia ha muitos anos atrás declamava em um dos seus Show):
“...Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.”
E foi assim que vi o espetáculo: “L’ORATORIO D'AURELIA” Como um sonho, um bom sonho onde Aurelia nos leva a viajar por todos os caminhos da ilusão, da magia, da fantasia,do amor... e tudo isso com um gostinho francês (trilha sonora) que nos faz sonhar ainda mais. E termina o espetáculo nos fazendo crer que a ilusão, a magia, a fantasia e o amor, esta dentro da gente como uma locomotiva a viajar. E eu que pensava já ter visto tudo, so consegui gritar: Bravo! Merveilleux!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Gracias a Mercedes Sosa

Mercedes Sosa com a minha participação especial, no primeiro momento eu grito Bravo! depois eu grito: Hermosa!!! ela sorri e agradece. Ganhei o dia e a noite, foi como voltar aos dezessete, adolescer novamente, depois de tanta coisa que já vivi. Gracias ao Marcelo por ter encontrado este vídeo, Gracias a Mercedes “La Negra” que me deu tanta alegria.

sábado, 1 de março de 2008

A Culpa é do Fidel


Quando nos identificamos com um livro ou com um filme, ele conta um pouco da nossa própria história pessoal. È por isto que me emociono...

Hoje vi um filme assim: A Culpa é do Fidel.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

DESENREDO

Por toda terra que passo me espanta tudo que vejo

A morte tece seu o fio de vida feita ao avesso

O olhar que prende anda solto

O olhar que solta anda preso

Mas quando eu chego eu me enredo

Nas tramas do teu desejo

O mundo todo marcado a ferro, fogo e desprezo

A vida é o fio do tempo,
a morte é o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando eu chego eu me perco
Nas tranças do teu desejo
Ê Minas, ê Minas, é hora de partir, eu vou

Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando,
o homem fazendo seu preço
A morte que a vida anda armando,
a vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo.

Ê Minas, ê Minas, é hora de partir, eu vou

Vou-me embora pra bem longe...

RENATO BRAZ

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Para Paolo Padovani

Nada será como antes
(Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)

Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Existindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã

domingo, 20 de janeiro de 2008

Para a filha que tenho.

Mas uma vez Chico Buarque me fez chorar... ouvi hoje pela primeira vez esta música...

a música vai dedicada para a Inês Helena e o Marcelo (Faz parte da campanha: "Quero meu Neto ja!")
O Filho Que Eu Quero Ter

Música: Toquinho Letra: Vinicius de Moraes

É comum a gente sonhar, eu sei,
Quando vem o entardecer;
Pois, eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer.
Vejo um berço e nele eu me debruçar
com um pranto a me correr
e assim chorando acalentar
o filho que eu quero ter.
Dorme, meu pequenininho
Dorme, que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem.
De repente eu o vejo se transformar
No menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde eu vim.
Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim.
Dorme, menino levado
Dorme, que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem.
Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu,
[Sentir-lhe] a barba me roçar
No derradeiro beijo seu.
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus,
[Ouvir-lhe] a voz a me embalar
Num acalanto de adeus.
Dorme, meu pai sem cuidado
Dorme, que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Meu Nome Não É Johnny


Que filme bom, valeu!
Para Nicoletta Padovani
“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)” Marguerite Yourcenar
A convenção tem a vantagem de provar que as decisões do espírito e da vontade transcendem as circunstâncias. O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos: minhas primeiras pátrias foram os livros. Em menor escala, as escolas. As da Espanha ressentiam-se dos ócios da província. A escola de Terêncio Escauro, em Roma, ensinava mediocremente os filósofos e os poetas, mas nos preparava bastante bem para as vicissitudes da existência humana: os mestres exerciam sobre os discípulos uma tirania que eu me envergonharia de impor aos homens. Cada qual, confinado dentro dos estreitos limites do seu saber, desprezava os colegas, que, por sua vez, conheciam as outras matérias de maneira igualmente limitada. Esses pendantes discutiam até ficarem roucos. As querelas de precedência, as intrigas, nas calúnias familiarizaram-se com o ambiente que encontraria em todas as sociedades em que vivi. Não obstante estimei alguns dos meus mestres. Gostava das relações estranhamente íntimas e singularmente indefinidas que existem entre professores e alunos, como um canto de Sereia no fundo de uma voz trêmula que, pela primeira vez, nos revela uma obra-prima, ou nos dá a conhecer uma idéia nova. O maior sedutor, não é, afinal, Alcibíades e, sim, Sócrates.