domingo, 20 de janeiro de 2008

Para a filha que tenho.

Mas uma vez Chico Buarque me fez chorar... ouvi hoje pela primeira vez esta música...

a música vai dedicada para a Inês Helena e o Marcelo (Faz parte da campanha: "Quero meu Neto ja!")
O Filho Que Eu Quero Ter

Música: Toquinho Letra: Vinicius de Moraes

É comum a gente sonhar, eu sei,
Quando vem o entardecer;
Pois, eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer.
Vejo um berço e nele eu me debruçar
com um pranto a me correr
e assim chorando acalentar
o filho que eu quero ter.
Dorme, meu pequenininho
Dorme, que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem.
De repente eu o vejo se transformar
No menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde eu vim.
Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim.
Dorme, menino levado
Dorme, que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem.
Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu,
[Sentir-lhe] a barba me roçar
No derradeiro beijo seu.
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus,
[Ouvir-lhe] a voz a me embalar
Num acalanto de adeus.
Dorme, meu pai sem cuidado
Dorme, que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Meu Nome Não É Johnny


Que filme bom, valeu!
Para Nicoletta Padovani
“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)” Marguerite Yourcenar
A convenção tem a vantagem de provar que as decisões do espírito e da vontade transcendem as circunstâncias. O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos: minhas primeiras pátrias foram os livros. Em menor escala, as escolas. As da Espanha ressentiam-se dos ócios da província. A escola de Terêncio Escauro, em Roma, ensinava mediocremente os filósofos e os poetas, mas nos preparava bastante bem para as vicissitudes da existência humana: os mestres exerciam sobre os discípulos uma tirania que eu me envergonharia de impor aos homens. Cada qual, confinado dentro dos estreitos limites do seu saber, desprezava os colegas, que, por sua vez, conheciam as outras matérias de maneira igualmente limitada. Esses pendantes discutiam até ficarem roucos. As querelas de precedência, as intrigas, nas calúnias familiarizaram-se com o ambiente que encontraria em todas as sociedades em que vivi. Não obstante estimei alguns dos meus mestres. Gostava das relações estranhamente íntimas e singularmente indefinidas que existem entre professores e alunos, como um canto de Sereia no fundo de uma voz trêmula que, pela primeira vez, nos revela uma obra-prima, ou nos dá a conhecer uma idéia nova. O maior sedutor, não é, afinal, Alcibíades e, sim, Sócrates.