sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Meu Nome Não É Johnny


Que filme bom, valeu!
Para Nicoletta Padovani
“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)” Marguerite Yourcenar
A convenção tem a vantagem de provar que as decisões do espírito e da vontade transcendem as circunstâncias. O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos: minhas primeiras pátrias foram os livros. Em menor escala, as escolas. As da Espanha ressentiam-se dos ócios da província. A escola de Terêncio Escauro, em Roma, ensinava mediocremente os filósofos e os poetas, mas nos preparava bastante bem para as vicissitudes da existência humana: os mestres exerciam sobre os discípulos uma tirania que eu me envergonharia de impor aos homens. Cada qual, confinado dentro dos estreitos limites do seu saber, desprezava os colegas, que, por sua vez, conheciam as outras matérias de maneira igualmente limitada. Esses pendantes discutiam até ficarem roucos. As querelas de precedência, as intrigas, nas calúnias familiarizaram-se com o ambiente que encontraria em todas as sociedades em que vivi. Não obstante estimei alguns dos meus mestres. Gostava das relações estranhamente íntimas e singularmente indefinidas que existem entre professores e alunos, como um canto de Sereia no fundo de uma voz trêmula que, pela primeira vez, nos revela uma obra-prima, ou nos dá a conhecer uma idéia nova. O maior sedutor, não é, afinal, Alcibíades e, sim, Sócrates.

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