domingo, 2 de maio de 2010

BRINCADEIRAS

Ao lado da nossa casa havia um campinho (lote vago) onde a criançada jogava futebol. Eu nunca gostei de futebol, talvez porque eu era muito ruim, ninguém me escolhia para jogar no time dele.

Na época dos ventos próximo do mês de agosto, a brincadeira era de soltar papagaio (Pipa). O vento levava os nossos papagaios e sonhos para o ar. A manivela que papai fazia causava inveja nas outras crianças, assim papai fazia manivelas para eles também. Os papagaios eram feitos de um papel tipo seda e quando eles voavam muito longe, voltam manchados porque tinham atravessado nuvens.

Nas noites de verão brincávamos na rua, formávamos uma grande roda e cantávamos alegres até altas horas. Nas brincadeiras de roda, a menina mais bonita sussurrava canções de amor nos meus ouvidos e eu sonhava com ela se entregando nos meus braços e abraços.

Se essa rua/ Se essa rua fosse minha/ Eu mandava/ Eu mandava ladrilhar/ Com pedrinhas/ Com pedrinhas de brilhante/ Só pra ver/ Só pra ver meu amor passar. Nessa rua/ Nessa rua tem um bosque/ Que se chama/ Que se chama solidão/ Dentro dele/ Dentro dele mora um anjo/ Que roubou/ Que roubou meu coração. Se eu roubei/ Se eu roubei teu coração/ Tu roubaste/ Tu roubaste o meu também/ Se eu roubei/ Se eu roubei teu coração/ Foi porque/ Só porque te quero bem.

Em outras noites brincávamos de Rouba Bandeira: Nós dividíamos em dois grupos de igual número. Em cada campo, dividido também em dois, colocávamos duas bandeiras (uma de cada lado), no fundo dos campos. Cada grupo devia tentar roubar a bandeira do lado oposto, sem ser tocado por qualquer jogador daquele lado. Se fosse tocado ficava preso e como uma estátua, colado no lugar. Os adversários poderiam salvá-lo, bastando ir até o campo e tocar o companheiro. O lado que tivesse mais meninos presos conseguia roubar a bandeira. Vencia quem pegasse a bandeira primeiro independente se tiver conseguido colar os adversários.

Bentes Altas: Com uma bola, o jogador tenta derrubar a casinha (um tripé feito de taquara ou galhos de árvore) do outro. Este, com um taco de madeira, tenta bater na bola e atirá-la para longe. Ganhava ponto quem atingisse o objeto, derrubando-o ou defendendo a casinha.

Chicotinho Queimado: Uma criança escondia o chicotinho queimado, geralmente uma correia velha ou qualquer objeto escolhido, enquanto as demais tapam os olhos. Quando a criança que estava escondendo acabava dizia: _ "chicotinho queimado cavalinho dourado! " Depois, todas iam procurar o chicotinho. Se uma criança estivesse mais distante, a que escondeu o chicotinho dizia que ela está fria. Se mais perto, dizia que estava quente. Dizia também que estava esquentando ou esfriando conforme a que estivesse mais próxima se distanciava ou se aproxima do chicotinho queimado. “Estar pelando" é estar muito perto do chicotinho. A criança que achava o chicotinho queimado saia correndo batendo com ele nas demais (no caso da correia velha). E é ela que ia escondê-lo da próxima vez.

Muitas outras brincadeiras faziam parte dos nossos dias: Queimada, Barra Manteiga, Finca, Amarelinha, Bolinha de Gude, Cabra cega, Passa anel, Pular Corda, Pêra, Uva ou Maçã, Boca de Forno, e “Nego fugido pego!”. A gente brincava assim: uma turma ia capturar o nego fugido, mas o cara que era nego fugido ia para o outro bairro! E saía aquela patrulha pra capturar o nego fugido; ou então você era o nego fugido e ia se esconder o mais longe possível, porque se pegavam o nego fugido, era cascudoque não acabava mais, então você não queria ser pego pela turma. Tinha também a brincadeira do pau de bosta, que era maravilhosa! Pau de bosta é o seguinte: você pegava, por exemplo, cocô de cachorro e botava num pedaço de pau. Aí dois companheiros fingiam que estavam brigando. “Eu vou brigar com você!” “Não, que eu vou te dar porrada!” Aquele negócio sério. Aí vinha o bobo, o incauto, chegando. “Você briga comigo daqui a pouco, Porque você está com este pau na mão.” “Não. Eu não vou brigar é agora mesmo. E pedia para o que chegou: Segura para mim!” O incauto segurava para o cara, e o cara puxava... Sujando a mão do bobo, de bosta.

Um comentário:

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