É de manhã ... um raio
rosa, desliza da fresta da janela para a cama branca. Toca no cabelo dele, e o faz abrir uma
pálpebra.
Então ele deixa entrar a
luz em seus olhos azuis. Olha e ri, porque o raio parece dizer a ele:
-Vamos ser felizes!
Ele colocava na radiola o
disco da Elis Regina na faixa “Travessia” do Milton Nascimento e Fernando
Brant, com arranjo do Cesar Camargo Mariano, para me despertar.
O meu espreguiçar fazia que cada pelo do meu
corpo nu e todos os poros, tremessem e respirassem felicidade.
De tudo que vivemos, esta
é a lembrança que ficou marcada em mim.
Tomamos o café, que ele,
preparou em silêncio. Os olhos falavam o que a boca calava.
Saímos em sentido
opostos, ele ia cuidar do sagrado e eu do profano.
Muitas vezes choramos
ouvindo Elis, ele sabia que eu gostava. Ela nos fazia transitar entre o profano
e o sagrado num átimo. Quando ele me levou para conhecer o mar, ouvimos todas
as músicas que ela cantava no trajeto.
"O Cavaleiro e os
Moinhos” éramos nós, "Um por Todos" nosso lema. "Conversando no
Bar” e tomando uma cerveja era a nossa "Fascinação". "Boa
Palavra" ele tinha, nas duas línguas que falava, mesmo se fosse "Pra
Dizer Adeus" era "Carinhoso". Na nossa “Andança” fomos ao
"Corcovado", tudo como "Fotografia", "Inútil
Paisagem", "Pois É” eu só tinha olhos para ele. Era um "Amor até
o Fim" "Por toda a Minha Vida" "O Que Tinha de Ser"
"Só Tinha de Ser com Você". Mas como tudo na vida tem fim, como um
"Veleiro" "Triste” ouve um "Soneto de Separação"
sobrando apenas um "Retrato em Branco e Preto".
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