quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Réquiem para o Zé




“Aos que já partiram, aos que aqui estamos e aos que ainda chegarão. Família somos todos.”

Eu juro que ouvi canções entoadas pelas árvores, ao serem tocadas pelo vento, quando o caixão do Zé, desceu ao túmulo. Eu nem sei se ele gostava de cantar, se ele tocava algum instrumento. Acho que gostava sim... a música faz parte da nossa família, tem gente que toca, tem gente que canta e tem muita gente que ouve, sabe ouvir. 

Na verdade não sei se era as árvores que cantavam ou se era orações, mantras ou salmos entoados pelos que já partiram: Mamãe, Papai, tia Mariazinha, tia Ester, tio Alcides, tia Célia, tia Divina, os dois tios Antônio, tio Geraldo, o primo Zezinho, e todos aqueles que estavam aqui quando ele nasceu.

Eles entoavam orações de boas vindas para recebê-lo. 

Talvez eles conversem e ele lhes conte fatos da nossa história, falem de nós que ficamos aqui. Riem da nossa tristeza. Sintam pena da nossa ignorância.

No que me toca, sei que ele vai contar pra Mamãe e pra Tia Mariazinha, que a Inêzinha, assim que ele chamava a Inês Helena, vai ser mãe. Vai falar da minha alegria.

Sei que ele foi bem recebido. Acredito na misericórdia de DEUS. 

Não há tragédia maior que conviver com a dor chamada saudade.

Um dia, nós também iremos rir de tudo isso.

Já Plantei árvores


Já plantei árvores
Tive uma filha
Escrevi um livro
Agora essa inquietude de ser avô...

Já plantei uma filha
Escrevi numa árvore
Tive livros
Agora essa inquietude de ser avô!

Já descansei na sombra da árvore que plantei
Já acalantei no colo, a filha que tenho.
E me descrevi no livro que escrevi.
Agora essa inquietude de ser avô!

Princípio e fim se aproximando
Nova árvore que brota
Páginas em branco do livro a ser escrito
Filha da filha
Há! Essa inquietude de ser avô.